segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Panem et Circenses


Nesse Carnaval, Cristina e Carol escolheram caminhar para ali, bem na esquina... para a Capital Federal! Esse lugar que já foi o lar de Carol em tempos remotos... Brasília! Cidade com ar diferente... com cheiro de nostalgia e que desperta a vontade de raciocinar.




Brasília, apesar de seus traços retos e tantos planejamentos urbanísticos, me inspira LIBERDADE. É como se fosse o casamento de um virginiano com uma sagitariana convicta... um paradoxo que por vezes é harmônico... outras tantas, conflituoso.

Mas enfim... é Carnaval! É a festa do povo, é a festa da carne. Independentemente se o folião é de rua ou de netflix, o fato é que o Brasil pára e todos aproveitam o feriado seja para descansar, farrear, organizar as gavetas ou simplesmente fazer o que quiser no horário que quiser.




A expressão panem et circenses advém do período de dominação romana e era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase originou-se a partir do humorista e poeta romano Juvenal e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento.

Assim, nos tempos de crise, as autoridades acalmavam o povo com a construção de enormes arenas, nas quais realizavam sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores, animais ferozes, acrobacias, bandas, espetáculos com palhaços, artistas de teatro e corridas de cavalo. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente no Pórtico de Minucius. Basicamente, estes “presentes” ao povo romano garantia que a plebe não morresse de fome e tampouco de aborrecimento. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada.
E então?! Será que o Carnaval é a festa do “Pão e Circo” por excelência?! Talvez, o evento cultural não seja o problema e sim o modo como nós, brasileiros, encaramos nossas festividades culturais, incluindo a Copa do Mundo... etc. 

Certa vez aprendi com Bertolt Brecht que:
“o pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce à prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo ”

Enfim, não vejo mal algum em brincar o Carnaval como se não houvesse amanhã... em fazer o que quiser, usufruir da liberdade que os tempos atuais sugerem. No entanto, é importante saber... ter a plena consciência sócio-histórica, para que não sejamos um povo feito apenas de festas, feriados e comemorações.

Passar o feriado em Brasília foi muito prazeroso... um Carnaval feito de comes, bebes, sorrisos, danças e cantorias. 



Revi amigos queridos,


 mostrei um pedacinho de mim para meus filhos


 e experimentei da nostalgia que é rever Brasília, em meio à sua fanfarra disfarçada de seriedade e à sua boemia travestida de intelectualidade.


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