quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O fazer de quem faz o impossível

Há uma longa discussão entre nós, que fazemos parte do corpo docente de uma Escola, sobre o distanciamento que existe entre o momento da elaboração das tarefas e a execução, com as crianças, em sala de aula. A equipe que elabora o material procura vislumbrar momentos lúdicos e prazerosos durante a execução das atividades em sala, pelo professor. Confesso que nem sempre esse anseio se realiza, e muitas vezes o que temos, são obstáculos no momento da transmissão do conhecimento. O que é normal, já que educar é um dos impossíveis da vida. Mas nem por isso deixamos de tentar com afinco, amor e beleza.


Bem, diante dos questionamentos contidos em nosso Projeto Arte, mais precisamente no item 3.2, nos deparamos com o desejo de contar muitas coisas aos meninos. Isso teve desdobramentos e uma bela colheita. Propusemos uma reflexão sobre o brincar, em comparação com o trabalho do adulto. E também sobre o amor e quão salutar o binômio freudiano pode ser na vida do ser humano.
Durante a execução da tarefa, me lembrei da inquietude de Dr. Freud em “Escritores Criativos e Devaneios” (1908) acerca da necessidade de uma investigação sobre a atividade de criação, fato que “nos daria a esperança de obter as primeiras explicações do trabalho criador do escritor”. Freud apercebe-se, contudo, que não seria jamais através da compreensão conscienciosa acerca dos fatores determinantes e da natureza da arte de criação que contribuirá para que qualquer um torne-se escritor criativo. Há algo além. O que está além? Daí chegamos em um lugar caro: a infância. Lá onde existem os primeiros traços da atividade imaginativa. Afinal, qual a importância do lúdico? Qual a importância do brincar?

 


Aprendi rápido que “a antítese do BRINCAR não é o que é SÉRIO, mas o que é REAL”. Penso que a brincadeira imaginativa da criança consiste na forma disponível de elaboração (‘elaborar’), ou meio de sublimação de seus conteúdos psíquicos. A necessidade infantil de transformar sua realidade psíquica em ’brincadeira’ é uma brilhante saída para sua sobrevivência psíquica e manutenção de saúde mental.

Acaso não poderíamos dizer que ao brincar toda criança se comporta como um escritor criativo?  📚😉


Carolina Parrode, Educadora. 

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