No
currículo da Cristina tinha que constar: mulher visionária, enxerga 100 anos
adiante de seu tempo.
Lembrando que “Mulher” e “visionária” são dois adjetivos
diferentes e ambos se encaixam perfeitamente em minha amiga aqui. E mais: pessoa
que não se espanta com nada e lida com todo o tipo de esquisitice de uma forma
muito natural. É a pessoa que tem a gargalhada mais escandalosa que eu já
escutei na vida, ao ponto de me obrigar a segurar piadas dependendo do lugar
(tremendo sacrifício), para evitar escândalos (e incontinência urinária).
Não,
ela não anda de patinete na linha do horizonte como muitos podem pensar!
Cristina é pé no chão e bem prática. Faz o que tem de ser feito e rápido! Adora
cumprir uma ‘tarefinha’ em tempo recorde (disso eu tenho ódio).
Ela
também tem uma criatividade muito aguçada e um olhar detector de belezas. Ama
poesias e vidas de poetas.
É obstinada e rigorosa em relação à estética das
produções dos meninos e meninas que estão sob sua tutela de aprendizagem. Muitas
pessoas olham para aquele rostinho e pensam: “quão doce!” Ledo engano, meu caro! Não queira vê-la diante de um
mural repleto de coraçõezinhos recortados e pequenas frases amáveis e medíocres
das criancinhas. Ela se transforma, os olhos de verdes passam à coloração
vermelha. É um vicking indo para
guerra! Num só ímpeto ela começa a arrancar as coisas do mural e eu preciso,
imediatamente, deixar o cargo de coordenadora para fazer a segurança da
professora responsável pela turma! Uma emoção!
O
choro excessivo é um outro capítulo à parte. Quando meus filhos nasceram,
prometi à mim mesma: “jamais direi aos meus filhos para engolirem o choro, pois
não existe coisa mais desumana para se dizer à um ser humano emocionado”. Enfim, conheci a Cristina e mudei meu
pensamento logo após a primeira reunião de pais. O que foi aquilo!? A pessoa
chora por tudo e por nada! Hoje em dia já perdi a conta de quantos chutes na
canela sob a mesa desferi, ou de quantas mensagens por whatsapp em meio às reuniões com o código ‘E.O.C.’ (engole o choro)
emiti.
Recordo-me
bem, em 2014, eu recém-chegada à Equipe Espaço Criativo, quando a Cristina
desceu até a Coordenação, sentou-se à minha mesa de trabalho e contou-me um
capítulo de sua vida.
Eu
escutei atenta e silenciosamente, preocupada com minha expressão facial. Eu
pensava: “será que estou fazendo cara de
quem está achando tudo muito bizarro? Tomara que não! Relaxe os músculos da
face!” Mas enfim, quando terminamos a conversa, logo ela levantou-se dali e
foi-se. Eu fiquei pensando: “Que vidinha
monótona a sua, hein D. Mariquinha!? Vai tomar atitude, minha filha!”
Então
gente, quem tem uma amiga aquariana entende bem o que eu estou dizendo. Essas
pessoas têm o dom de fazer a gente parecer quadrada e conservadora enquanto você
se acha a mulher mais modernosa e vanguardista do Planeta Terra. Não é justo!
Mas
enfim, com o tempo eu me acostumei. E atualmente eu tenho a plena consciência
de que eu sou uma pessoa normal para o ano 2017 e ela é uma pessoa normal para
2117. Sinto-me privilegiada em poder escutar seus pensamentos criativos e
compartilhar de sua alegria de viver.
Eu
teria muito mais coisas para registrar aqui... mas preciso me ater aos limites
de paciência de nossos leitores.
So...
that’s all!
Beijos
carinhosos.