A Biografia do Caminho
Isto aqui é sobre arte, viagens, amizade e devaneios. Ah... e sobre literatura também! Mas genuinamente, é sobre o humano que habita nosso SER. Cristina e Carol.
quarta-feira, 10 de julho de 2024
Entre a Doença e a Loucura - Parte II
terça-feira, 2 de julho de 2024
E se...
"Não
sei se espíritos enganadores pairam sobre este lugar, ou se é no meu coração
que está a ardente e celeste fantasia que fornece uma atmosfera de paraíso a
tudo o que me rodeia"
Os
sofrimentos do jovem Werther, W. Goethe.
Era um sábado cansado e quando cheguei você
já estava lá com seus óculos escuros e uma cerveja de garrafa. A mesa tinha um
desajeito.
A voz grave da cantora entoava Christian
& Ralf, o cachorro caramelo com os bagos rente às patas perambulava na
esperança de degustar carne.
Um senhor, alegremente dançava e sorria com
suas gengivas saudáveis, em meio a calçada feita salão de baile.
Ele me fez rir.
O ocaso trouxe sentimentalidades cujas
modulações mesclavam descrença, graça e delicadeza. Quimiotipia do século XIX,
deixei o barco descer livremente a correnteza.
Tinha um olhar que me atravessava deliciosa
e profundamente. E foi aí que parei de olhá-lo de soslaio. Fez por merecer.
Comecei a achar adolescentemente carinhoso,
ridículo-quase-sedutor o jeito como segurava minha mão.
Tinha riso e espontaneidade.
Veio o domingo e eu estava pensando em você.
Dia ordinário e tranquilo, não eram assim as manhãs dominicais: deitada, como um álibi; pensamento tomado por desatino.
Talvez tenha sido seu olhar meio caído, feito cachorro. Eu gosto de cachorros. Talvez soe familiar.
Sem desculpas.
Meu corpo se antecipa, conhece o mundo antes
de mim. Os corpos são convincentes e cabais.
Contudo, você não me deixa conhecer nosso mundo através do seu corpo. Talvez se deixasse, eu nem tiraria meu domingo para desatinar. Provavelmente estaria almoçando com algum dos não-eleitos. São todos eles uma massa masculina pairando na minha atmosfera.
Tenho cautela para não ser exigente demais
e, ainda assim, rechaçar o descabido. Se é nonsense, pode significar meu
fracasso no divã.
Ainda bem que és competente em fugir, porque
se cai uma gota de erotismo nessa ternura, não haveria vinho e nem disciplina com força de impedimento. E, nesse caso, não presto para o trabalho.
Gosto do werther, mas você exagera. Acho inútil,
porém funcional. Sou boa de espera, mas não muito.
Seu cortejo me provoca e desanima, apesar da
minha voracidade usual.
“Posso?"
Desânimo. Desalma.
Sigo aquela picada no meio da mata que indica a direção: se é vereda, a linguagem é fluente. Tudo flui, tudo frui. Usufruímos menos, bem menos do que poderíamos.
Não há um eleito. E se eu quisesse que fosse você?
Você não quer.
Eu sei que amanhã é segunda-feira e vai
passar.
Não gostaria, mas passa.
Sei lá... Deve ser seu cheiro. O cheiro e a presença. A voz. Não, não. São os olhos caídos e meu gosto por cachorros. É isso. Parou nisso.
Mas também gosto do olhar e do toque. Do beijo, nem lembro mais.
Odeio a insegurança. Sua covardia me empurra pra lá. Rabugento, ingrato com a vida... Reclama. Aprecia restaurante português, mas não come bacalhau.
Descabimento.
Seria gostoso um pouco de confiança e devoção da minha parte. É raro mas acontece.
Obedeço deleitosamente.
Mande-me te beijar, ficar ao seu lado, tirar a roupa - a minha ou a sua. Mande-me ficar de roupa. Escolha o lugar, diga que está chegando, escolha o vinho. Tente me desconcertar.
Eu queria muito você. Assim, em outro tempo mesmo.
Queria, na verdade, que você fosse outro...
Um outro que não estragasse a poesia de tudo nos últimos cinco minutos de prosa.
Carolina.
terça-feira, 2 de junho de 2020
Pandemia, instituições, economia e saúde mental
domingo, 22 de março de 2020
QUAL O SEU PAPEL DIANTE DA CRISE?
domingo, 10 de março de 2019
Não Me Apaixonei Por Você
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Vários Amores, Uma Só Vida - Parte II
Ella é uma mulher contemporânea. Poderia ser eu... ou você! Sabemos que essas histórias acontecem inclusive nas melhores ‘instituições’.
Quase dois séculos antes de Ella, em 1830, durante um jantar, o filósofo John Stuart Mill conheceu Harriet Taylor. Apaixonaram-se perdidamente. Entretanto, ela estava casada há quatro anos com um farmacêutico, John Taylor. O relacionamento se manteve na impossibilidade por muitos anos, até 1849. Os apaixonados se casaram dois anos depois em Paris.
Harriet teve grande influência na filosofia de Mill e contribuiu especialmente para seu feminismo liberal. Mill creditou a ela a coautoria de muitas de suas obras. Os dois trabalharam juntos nas ideias centrais do pensamento inovador do filósofo. Infelizmente Harriet morreu em 1858.
Pois então... biografias, ficções e até a vida real/atual/factual estão recheadas de histórias assim. O amor é uma linguagem que deve ser compartilhada pelas pessoas e como toda linguagem, é feita de códigos. O amor é um tema tão extenso que abarca praticamente todos os atos da nossa existência.
Então.. vamos falar de amor (esse - também - bonito, que acontece entre um homem e uma mulher)
Afinal, é possível atração erótica, intelectual e afetiva sem haver a entrega física, passional... carnal? De que falamos quando adentramos no terreno estranho do amor ‘proibido’ ou ‘interditado’? Que sentimento é esse, qual circunstancia é capaz de impedir um homem e uma mulher de se entregarem ao desejo de estar juntos... unidos... em toda a sua potência libidinal? É possível o inconsciente com sua atemporalidade, dinamicidade e regência pelo princípio do prazer, se curvar a esse tipo de (des)mando institucional da civilização? Se sim, a que custo?! Então... essas são perguntas que meus impedimentos e limitações fazem o tempo todo... e faço em silêncio.
Que não exista a ação... já que falamos aqui da maioria de nós, neuróticos adestrados. Mas o desejo... (é) chama! É incrível observar como o desejo movimenta os corpos. É puro movimento porque só desejamos aquilo que não temos, portanto, é a falta que instaura o circuito do desejo.
Adoro a confissão de Sócrates diante dos comensais no banquete, quando diz “(...) pois confesso não entender de nada mais, senão de amor”. Por certo... tenho para mim que sem amor, a humanidade não poderia existir um só dia!
Embaraçada entre tantas reflexões inúteis, concluo timidamente que diante dos freios sociais que nos impedem de passar ao ato, talvez o que prevaleça seja o amor à verdade, vez ou outra, sobre tudo mais, inclusive sobre o amor ao amor. Se considerarmos a ‘verdade’ como continente da realidade... não sei (pensamento inconcluso aqui).
Todavia, lembremos que desejos passionais são águas... águas sujeitas a tempestades e tsunamis vez ou outra!
domingo, 5 de agosto de 2018
Res Publica, Res Privata
Uma das primeiras inquietudes como aspirante a jurista, foi quando das primeiras aulas de Direito Romano que assisti na Universidade, ainda no século XX. Depois de um tempo, me apaixonei por Direito Público e aí... questões e mais questões arrumei para minha vida jurídico-epistemológica! A sede de saber transformou-se em 'furor educandi' e, desde então, dou aulas de Direito Constitucional para crianças entre 7 e 10 anos de idade.
Vejamos outro cenário: